O terror das enchentes, que ainda assombra as lembranças dos eventos climáticos ocorridos em setembro no Vale do Taquari, retornou com força avassaladora, castigando não apenas as áreas já marcadas, mas também estendendo seus estragos para os vales do Rio Pardo e Caí. O levantamento das perdas na agropecuária e na infraestrutura rural teve início nesta segunda-feira, revelando um cenário de desolação que se estende por diversas localidades.
Marcos Antonio Hinrichsen, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul e coordenador da regional sindical da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) no Vale do Taquari, expressou sua preocupação com a magnitude dos danos: “Teve impacto enorme, acredito que igual ou até maior do que da cheia de setembro”. A Emater/RS-Ascar iniciou o levantamento das perdas e está percorrendo as áreas afetadas para prestar auxílio aos produtores rurais, diante de lavouras, estradas e pontes destruídas.
Os plantios de verão, em fase de desenvolvimento, foram aniquilados, incluindo culturas como o milho, além de pastagens devastadas. Hinrichsen destaca que arroios como Boa Vista, Forqueta, Forquetinha, Arroio da Seca, Sampaio e Castelhano, afluentes do Rio Taquari, causaram estragos sem precedentes, superando até mesmo a última cheia. As repercussões das enchentes estão sendo avaliadas, e a magnitude dos estragos é descrita como “muito pior do que da outra vez”.
O agricultor Mauro Soares, da Linha Lotes, de Cruzeiro do Sul, relata a devastação em sua propriedade: “Muita anarquia. Virou as coisas dentro de casa, e o lodo tomou os galpões, foi horrível”. Outros produtores na região tiveram lotes de tabaco completamente destruídos. A precariedade na infraestrutura rural está dificultando as ações de assistência e levantamento de informações, conforme aponta Cristiano Carlos Laste, gerente da regional Lajeado da Emater.
Ronaldo Santini, titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Estado, destaca que um levantamento detalhado dos estragos será apresentado pela Emater/RS-Ascar esta semana. Ele enfatiza que a sucessão de eventos climáticos não só causa estragos físicos e econômicos, mas também coloca a comunidade em um nível elevado de desgaste físico e emocional. O trabalho agora se estende para restabelecer a esperança nas pessoas afetadas por esses desastres.
Fonte: Correio do Povo