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Defesa de agricultor acusado de balear criança ao evitar abigeato se manifesta

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O abigeato é um tipo de crime muito comum na região, por ficar impune com frequência e deixar os criadores no prejuízo. Porém, no final da tarde do dia 25 de dezembro, quando uma família que reside no interior de Soledade, na localidade conhecida como Pontão da Boa União percebeu uma movimentação estranha de seu rebanho, o proprietário da área e seu genro resolveram averiguar a situação, quando flagraram dois indivíduos capturando as ovelhas.

Ao abordá-los solicitando que largassem as ovelhas, um dos homens teria atirado contra o veículo do proprietário, este, visando defender-se revidou atirando contra o carro dos homens, momento em que um tiro atingiu uma criança de dez anos que estava no interior do veículo.

Segundo o Delegado Marcos Muniz Veloso, que estava de plantão e atendeu o caso, encontravam-se no interior do veículo a mãe da criança, grávida de sete meses e o menino de 10 anos no banco da frente e no banco de trás estavam um homem com uma ovelha e outra criança de seis anos de idade, ambos filhos desta mãe, e enteados do motorista do veículo, que se encontrava do lado de fora do carro, este foragido da polícia e com diversas passagens por furto e abigeato.

Veloso destacou que se tratam de dois crimes distintos que ainda estão sob investigação, agora comandada pela Delegada Camila Neiva, o primeiro por furto abigeato qualificado, pois envolveu mais de um indivíduo e outro, a tentativa de homicídio.
O autor do disparo que atingiu a criança foi detido, por volta das 21 horas do dia 25 de dezembro.

A criança foi conduzida ao hospital de Soledade onde foi prontamente atendida e encaminhada ao Hospital São Vicente de Passo Fundo, o padrasto que está com a prisão preventiva decretada está foragido.

A defesa

O advogado do acusado de ser o autor do disparo que atingiu a criança de 10 anos, Dr. José Pedro Turela de Soledade, falou sobre o caso.

Segundo Turela, no dia dos fatos, estava o acusado juntamente com a sua família na casa de seu sogro, e pela tardinha, observaram que entrou na propriedade um veículo Vectra branco com várias pessoas. Deste carro desceram três pessoas e foram pegar as ovelhas dentro do potreiro, fato este que é ratificado por um dos acusados, que posteriormente virou testemunha do processo. O acusado e seu sogro foram até o local de caminhonete quando ouve um pequeno incidente com a caminhonete do proprietário que levou um raspão, momento em que foi também atingida por disparos, quando os autores do abigeato fugiam levando algumas ovelhas, o acusado também atirou contra os pneus do Vectra para tentar impedir a fuga, fato que poderá ser confirmado na perícia, de que ele atirou pontualmente nos pneus.

Sem saber que teriam ferido alguém, muito menos uma criança, o acusado e seu sogro voltaram a residência onde estavam e seguiram junto da família nas comemorações de Natal. Somente mais tarde, quando a polícia chegou a propriedade e informou sobre o caso, é que o acusado e seu sogro se deram conta da situação.
Ambos foram prontamente até a delegacia, quando o acusado foi detido em tese em flagrante, devido a acusação de tentativa de homicídio contra a criança.

Turela questionou a condução do registro de ocorrência feito pelo Delegado Plantonista Marcos Veloso, quando este ouviu a mãe da criança de 10 anos e o outro ocupante do veículo, ambos que participavam ativamente do furto e apesar de terem confessado que estavam furtando, foram ouvidas apenas como testemunhas, deixando apenas como acusado, o padrasto da criança, sujeito que já é amplamente conhecido da polícia por deter diversas passagens por furto e abigeato. “O crime desta mãe e deste padrasto que expuseram estas crianças a uma situação de alto risco, é muito maior do que o furto das ovelhas, mas isso o delegado não viu, ele preferiu incriminar quem tentou agir em legítima defesa de sua vida e de seu patrimônio. Os valores e a ordem das coisas estão invertidas, agora os bandidos viraram mocinhos e o mocinho virou o bandido, isso é inadmissível”, frisou Turela que está atuando na defesa do acusado.

O advogado é enfático em afirmar que o delegado se equivocou em registrar o caso como flagrante e dar voz de prisão ao acusado. “Não houve flagrante, a polícia não estava presente no momento dos fatos, tampouco prendeu alguém em perseguição. Meu cliente foi de livre e espontânea vontade até a delegacia e injustamente recebeu a voz de prisão em flagrante”, contestou.

Além disso, o advogado questionou o fato de não terem sido realizadas perícias nos veículos tanto dos autores do abigeato como na caminhonete do proprietário das ovelhas. Ele também ressaltou não ser possível afirmar, sem uma perícia conclusiva, que o disparo que atingiu a criança partiu da arma do acusado. “Como houveram diversos disparos, não é possível afirmar com certeza que este disparo que atingiu a criança partiu da arma do meu cliente, só com uma perícia é possível afirmar isso, o que até o momento não foi realizada”, ressaltou.

Turela destaca a boa índole de seu cliente, que estava participando das comemorações de Natal na casa de seu sogro. “Não foi ele quem deu causa a esta situação, apenas reagiu para se defender e defender o patrimônio de seu sogro, ele é uma pessoa de boa índole, como pode se ver, se prontificou prontamente a ir na delegacia, prestou todos os esclarecimentos, entregou a arma e está preso injustamente, uma vez que ele não apresenta risco a sociedade, ao contrário dos outros, que compactuaram e fizeram parte da ação de furto, e agora figuram como testemunhas no processo e de o mentor de tudo e comparsa destes estar foragido”, disse ele destacando que o Sindicato Rural também se manifestou contra.

O advogado ainda ressaltou que a criança foi levada ao hospital pela mãe e o padrasto, e deixada lá sozinha para ser atendida, só depois de algum tempo a mãe voltou ao hospital para saber do estado do filho, e o padrasto segue foragido.

O menino está internado em Passo Fundo e já não corre mais risco de morte.

Jornal Informativo

 

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