DestaquesGeralÚtimas Notícias

Diante do calor recorde, moradores aguardam até uma hora e meia em fila para coletar água de bica em Porto Alegre

0
Compartilhe este post

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) adiou para a próxima quinta-feira a substituição da válvula de sucção de um motor da Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) Jardim Ipê, na zona Leste de Porto Alegre, em razão das temperaturas elevadas previstas para esta terça, data inicial do serviço. Nas primeiras horas da manhã, neste que deve ser o dia mais quente do ano em Porto Alegre, de acordo com a MetSul Meteorologia, houve na região quem armazenasse água, principalmente no próprio Jardim Ipê, por temor da falta do abastecimento por longas horas.

Mas enquanto há reclamações de gosto e cheiro na água distribuída pelo Dmae, especialmente na zona Norte, outros recorrem a bicas públicas, justificando “melhor qualidade” dela. “Há três anos pego água aqui, e mesmo de noite, de madrugada, é sempre cheio. O pessoal faz longas filas. A gente busca para nunca faltar”, contou a aposentada Maria Dinorá Dorneles, que buscou água na estrutura da rua Teresilda Steffen, bairro Mário Quintana. Ela aguardava na fila com ao menos quatro garrafas.

“Não somente no auge do verão isto é assim, mas em todas as épocas. Até para escovar os dentes eu uso a água daqui. Fui passar o café e já senti a diferença. É melhor até do que a comprada”, comentou ela. A dona de casa Francisca Jacobsen acompanhava o marido, o aposentado Manoel Jacobsen, ambos moradores do bairro Santa Rosa de Lima. “Fiquei quase duas horas na fila, porém vale a pena. Se não tivesse isto daqui, seria bem pior. A água do Dmae está com cheiro horrível, e só de abrir a torneira se sente. Gente de muito longe vem para retirar esta”, comentou Francisca. No final das contas, eles, que vieram de carro, coletaram 15 bombonas cheias de água do local.

Não distante dali, em outro ponto, na rua Fábio Luís Silveira, bairro Passo das Pedras, ao menos quatro moradores faziam uma fila menor para a retirada da água que saía de um cano na calçada. “Eu, particularmente, pego dois garrafões de cinco litros diariamente. Às vezes falta aqui, mas a gente mexe um pouco e ela volta. Agora está forte, tem vezes que é mais fraca”, comenta o comerciante Gerson Luiz Oliveira da Silva, que estava junto ao seu vizinho, o aposentado Carlos Alberto da Costa e Silva.

“Esta daqui foi a primeira, mas pessoas passaram a descobrir outras bicas, como uma na Manoel Elias, essa da Teresilda Steffen, até em Alvorada, e repartiu um pouco”, acrescentou. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), as fontes públicas de água não são adequadas para o consumo, pois não recebem o devido tratamento. Análises também detectam, eventualmente, coliformes totais ou a bactéria E.coli.

No caso da bica do Ingá, um estudo feito pela pesquisadora Letícia Barcellos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2022 atestou que, apesar de estar situada a 50 metros do arroio Passo das Pedras, que é poluído, a água do local era considerada potável na ocasião, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde de nitrogênio amoniacal, turbidez e pH. A fonte em questão também foi a única sem a presença da E.coli em 124 amostras, e uma das duas também sem coliformes. A outra foi a da Gruta da Glória, a única das 12 analisadas pela Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) de Porto Alegre que recebe tratamento com cloro.

Mais em Destaques