Cerca de um em cada quatro (24%) jovens entre 25 e 34 anos no Brasil não trabalham nem estudam, os chamados “nem-nem”. É o que informa o estudo Education at a Glance 2024, divulgado nesta terça-feira (10), pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países desenvolvidos economicamente do qual o Brasil não faz parte.
O número caiu 5,4 pontos percentuais em sete anos (era de 29,4% em 2016), mas ainda é considerado alto pelos especialistas, conforme informações do Estadão.
O número da entidade internacional é pior do que o divulgado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) da Educação – levantamento que avalia uma faixa etária diferente: dos 15 aos 29 anos – , divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado.
A taxa brasileira de jovens “nem-nem” é superior à média dos países da OCDE, que tinha 13,8% dos jovens nessa categoria no ano passado, dois pontos percentuais a menos que sete anos antes.
Alternativas apontadas
Fatos como a crise econômica 2015-2016 e a pandemia a partir de 2020 são apontados como relevantes nesse cenário. Além disso, o país tem visto o envelhecimento da sua população e o gradual fim do período de bônus demográfico. Diante disso, para evitar perdas econômicas e dar conta dos crescentes gastos sociais com idosos, é necessário elevar a produtividade dos trabalhadores.
A melhoria da qualidade do Ensino Básico e da Educação Profissionalizante, o que permitiria um salto de aprendizagem, é apontada entre as principais saídas. No Brasil, só 10% dos alunos cursam o técnico, quando a taxa é de 68% na Finlândia e de 49% na Alemanha.
Especialistas defendem também ampliar o número de horas em que os alunos passam na escola, com a ampliação da oferta de ensino integral.
Desigualdade de gênero
Apesar de as mulheres terem melhores resultados educacionais em quase todos os parâmetros avaliados, conforme o estudo, elas têm menos probabilidade de estar empregadas que os homens.
“Embora as meninas e as mulheres tenham um desempenho claramente superior ao dos meninos e dos homens na educação, o quadro se inverte quando elas entram no mercado de trabalho; as principais medidas dos resultados do mercado de trabalho são, em geral, piores para as mulheres do que para os homens”, afirma a OCDE no documento.
Em todos os países membros da OCDE, as mulheres com idade entre 25 e 34 anos têm probabilidade maior ou igual do que seus pares do sexo masculino de ter uma qualificação de nível Superior. No Brasil, a taxa de conclusão do Ensino Superior é de 28% para as mulheres e 20% para os homens. No entanto, essa mesma faixa etária feminina tem menor probabilidade de estar empregada do que a masculina, com uma diferença ainda maior para aquelas com nível de escolaridade abaixo do Ensino Médio e menor para aquelas com nível Superior.
*GZH