O movimento Hezbollah ameaçou Israel nesta segunda-feira (14) com mais bombardeios se a ofensiva no Líbano prosseguir, depois de um ataque com drones no domingo contra uma base militar perto da cidade de Haifa que matou quatro soldados e feriu mais de 60 pessoas.
Este foi o ataque com o maior número de vítimas em Israel desde o início da guerra aberta entre o grupo xiita armado libanês e as forças israelenses, em 23 de setembro.
O comandante do Estado-Maior do exército israelense, general Herzi Halevi, admitiu nesta segunda-feira que foi um acontecimento “doloroso”.
“Estamos em guerra e um ataque contra uma base de treinamento na frente interna é difícil, as consequências são dolorosas”, disse Halevi aos soldados durante uma visita à base atingida.
Nesta segunda-feira, o movimento pró-Irã anunciou que atacou uma base naval israelense perto de Haifa, depois de alertar em um comunicado que o ataque ao sul de Haifa não foi mais que o “prelúdio do que o aguarda caso decida continuar com as agressões contra nosso povo.
O exército israelense afirmou que quatro soldados morreram e sete ficaram feridos em um campo de treinamento da brigada Golani em Binyamina, ao sul de Haifa, no norte de Israel.
Segundo a United Hatzalah, uma organização de socorristas voluntários, o ataque deixou mais de 60 feridos.
O Hezbollah explicou que seus combatentes lançaram “um esquadrão de drones explosivos” contra o campo de treinamento, uma operação que o movimento dedicou ao seu líder Hassan Nasralah, que morreu em 27 de setembro em um bombardeio israelense perto de Beirute.
“Violações escandalosas”
Após enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte de suas operações para o Líbano, onde afirma que o objetivo é permitir o retorno de quase 60 mil israelenses deslocados pelos lançamentos de projéteis do grupo islamista.
As operações, iniciadas em 23 de setembro, deixaram mais de 1,3 mil mortos no Líbano, segundo uma contagem da AFP, e quase 700 mil deslocados, segundo a ONU. Os combates no Líbano também atingiram a força de paz da ONU no Líbano (Unifil).
O organismo acusou o exército israelense de disparos “repetidos” e “deliberados” contra suas instalações e denunciou “violações escandalosas” de suas posições, depois que tanques israelenses entraram “à força” em uma delas.
O exército israelense afirmou que um de seus tanques, “que tentava retirar soldados feridos […] colidiu com um posto da Unifil”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia solicitado à ONU a retirada “imediata” dos soldados da Unifil das zonas de combate, mas nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, respondeu que “apenas o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode decidir sobre a retirada” das forças de paz.
“Os ataques contra as forças de paz violam o direito internacional…(e) podem constituir um crime de guerra”, afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, considerou “completamente inaceitável” os ataques israelenses contra as tropas da Unifil.
Correio do Povo