O setor imobiliário do Litoral Norte gaúcho está encerrando a temporada de veraneio 2024/2025 com crescimento considerado significativo. O balanço da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Tramandaí e Imbé (Aiciti) aponta um aumento de 25% nas locações de temporada em relação ao verão anterior. Além disso, o ticket médio das diárias teve uma alta de 20%, o que reflete a valorização recente dos imóveis na região.
Segundo o presidente da Aiciti, Thiago Khury, a valorização do mercado tem sido constante nos últimos anos, girando em torno de 10% a 12% anualmente. “Estamos na contramão de outras regiões do Estado. A infraestrutura e os serviços básicos tornam Tramandaí e Imbé, por exemplo, polos para quem quer investir, seja para aluguel de temporada ou revenda de imóveis”, afirma.
Entre os fatores que impulsionaram o bom desempenho do setor neste verão estão o dólar alto, que incentivou o turismo interno, além do clima favorável durante toda a temporada. Com poucas chuvas e o mar mais limpo do que o habitual, as praias da região atraíram ainda mais veranistas. Outro fator considerado importante para o bom desempenho é melhora na infraestrutura, com obras como a duplicação de rodovias, que contribuiu para a vinda de turistas, principalmente, da Região Metropolitana.
Para o setor, a grande movimentação registrada nesta semana de Carnaval só foi superada pelo final do ano, que segue sendo o período de maior movimentação. Feriados prolongados e férias escolares também impulsionam a busca por imóveis de temporada, enquanto os finais de semana de calor intenso mantêm o fluxo de visitantes ao longo do verão
Outro fator que tem influenciado o mercado imobiliário do litoral é a migração de moradores da Região Metropolitana e do interior do Estado. Primeiro, a pandemia fez com que muitas famílias optassem por morar na praia em busca de mais qualidade de vida. Depois, as enchentes de 2023 e 2024 reforçaram essa tendência e colocaram o Litoral Norte como uma alternativa para quem quer fixar residência longe das áreas mais afetadas.
Com a chegada de novos moradores, o mercado também tem se diversificado, aponta Khury. Segundo ele, profissionais da saúde, do direito e da engenharia têm visto na região uma oportunidade para expandir seus negócios. A oferta de hospitais, escolas e serviços públicos estruturados tem tornado Tramandaí, Imbé e municípios vizinhos cada vez mais atrativos para quem busca não apenas um local para veraneio, mas uma cidade para viver.
Os dados do setor imobiliário reforçam esse crescimento. Em 2024, Capão da Canoa, Xangri-Lá, Torres, Tramandaí e Imbé somaram, juntas, R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV). Somente para Imbé e Tramandaí foi gerada uma arrecadação de aproximadamente R$ 30 milhões em ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis).
Para o presidente da Aiciti, o crescimento do mercado na região também está ligado ao avanço do saneamento básico. Municípios como Capão da Canoa, Torres e Xangri-Lá já passaram por esse processo e, agora, Tramandaí e Imbé começam a se preparar para receber novos empreendimentos. Bairros planejados e condomínios estão sendo projetados para atender a demanda crescente por moradias de médio e alto padrão.
Apesar do crescimento contínuo, a região ainda se mantém mais acessível em comparação a outros destinos turísticos do RS. O ticket médio dos imóveis em Imbé e Tramandaí gira em torno de R$ 500 mil, enquanto em cidades como Xangri-Lá e Capão da Canoa esse valor ultrapassa R$ 1 milhão. Essa diferença atrai um público diversificado e contribui para a movimentação do setor.
Outro fator que tem favorecido o mercado local é a superlotação e os problemas ambientais enfrentados por algumas praias catarinenses. Assim, a infraestrutura do Litoral Norte gaúcho tem sido um diferencial, principalmente no quesito balneabilidade, já que a maioria das praias manteve boas condições durante toda a temporada.
Para os próximos anos, a expectativa do setor é de um novo “boom” imobiliário, impulsionado pela chegada de investimentos em infraestrutura e pela crescente busca por imóveis na região. “Se melhorar, estraga”, finaliza Khury, ao avaliar o desempenho positivo do setor neste verão.
