A mulher que, segundo a Polícia Civil, foi mantida em cárcere privado na própria casa pela filha em Bento Gonçalves, na Serra do RS, conseguiu escapar quebrando o forro de PVC do quarto onde estava trancada, conforme contou à GZH.
Presa temporariamente, a filha, de 38 anos, também teria planejado o sequestro e a internação à força do padrasto em uma clínica de reabilitação A Polícia Civil investiga o crime.
A mulher conta que, na madrugada em que o marido foi levado, no dia 27 de agosto, a filha a teria prendido em um cômodo.
Ainda conforme a mãe da suspeita, um homem desconhecido estava na casa para impedir que ela deixasse a residência. No final da tarde, quando eles saíram, a mulher conseguiu subir em uma cima de uma cômoda e forçou as folhas de PVC no forro.
Após abrir um buraco, foi até o forro e saiu do quarto. Relata que caminhou até a cozinha, onde o PVC cedeu e ela acabou caindo. E depois, pulou uma janela e fugiu para a casa de uma vizinha em busca de ajuda.
Foi nesse momento que ela caiu em uma ribanceira. Desorientada, gritou por socorro e os vizinhos acionaram os bombeiros.
De lá, foi levada para o hospital, onde ficou internada até a última semana em decorrência dos ferimentos que sofreu durante a fuga. Ainda no hospital, prestou depoimento à polícia.
“Eu nem tenho palavras para esse momento. Eu criei todos os meus filhos do mesmo jeito. Todos são honestos e amorosos. Mas ela é assim. Não sei se vou me recuperar. Mas pelo menos tenho meu marido comigo, porque não sabia o que tinha sido feito com ele” disse.
Histórico conturbado
Segundo a mulher, a suspeita já teria ameaçado eles antes. A mãe garante que registrou boletins de ocorrência contra a filha em outras oportunidades. Eles descrevem a mulher, que residia na mesma casa há um ano, como uma pessoa “muito fria”.
A suspeita está presa temporariamente em Bento Gonçalves desde o dia 31 de agosto. Em nota, a advogada Roselaine Leal, que a representa, afirma que ela é “inocente e nada tem a ver com os fatos, que serão esclarecidos pela equipe de investigação”. A Polícia Civil investiga o crime.
‘Vou ficar mansinho’, diz padrastro internado à força
Retirado à força de casa, imobilizado e levado a uma clínica de recuperação de dependentes químicos, o padrasto da mulher ficou 12 dias internado, segundo a Polícia. Para tentar escapar, o homem tentou ficar tranquilo.
“Não vou questionar (os sequestradores), vou ficar mansinho, porque vai ser o jeito de eu sair daqui”, conta o homem sobre o que pensou quando estava na clínica. “Quando eu ficar bem, todo mundo vai me querer bem aqui dentro, e eles vão deixar eu ligar para quem eu quiser. Eu ficava pensando ‘isso vai demorar um mês, dois, três, mas eu vou conseguir'”, conclui.
A Polícia Civil descobriu que ele foi obrigado a assinar documentos para ser internado – um deles era um termo de internação voluntária.
De acordo com o delegado Ederson Bilhan, três homens teriam sido contratados pela enteada para retirar o homem da casa.
“Não havia voluntariedade, nem encaminhamento médico e muito menos ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada pelos policiais e trazida para Bento Gonçalves e entregue à família”, afirma o delegado Bilhan.
G1