Base da alimentação nacional, a Federarroz das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) sinaliza que a comercialização do cereal não está cobrindo os custos de produção de R$ 90,00, contra R$ 70,00 para o preço de venda do saco de 50 quilos. Segundo o presidente da entidade, Alexandre Velho, além dessa diferença, os produtores enfrentam ainda situação de falta de liquidez no mercado. Nesta quarta-feira, dia 4, o governador do Estado, Eduardo Leite, recebeu representantes do setor para uma audiência sobre a crise juntamente com o subsecretário da Fazenda Estadual, Ricardo Neves, para buscar a adoção de medidas tributárias urgentes.
“Isso (a crise) provocou uma série de reuniões com o sistema financeiro. Estamos buscando alongamento (do prazo) do pagamento das parcelas de financiamento para que não haja uma pressão maior de venda do curto prazo e consequentemente faça os preços recuar ainda mais”, pontuou Velho.
O cenário do setor é composto pelo aumento da área cultivada, elevação da produtividade média das lavouras, demanda interna enfraquecida, exportações aquém do esperado e preços internacionais em patamares mais baixos.
Conforme o dirigente da Federarroz, alguns pagamentos iniciaram em maio mas a grande maioria dos vencimentos ocorre a partir deste mês. Segundo Velho, normalmente os produtores rurais parcelam em duas vezes os financiamentos de custeio. “O Banrisul, por exemplo, tinha alongado para três e nós conseguimos alongar para quatro pagamentos”, acrescentou, afirmando que o pleito do orizícolas será levado para outras instituições financeiras.
Segundo o presidente da Federarroz, além do Banrisul, os maiores volumes de financiamentos dos produtores de arroz estão concentrados no Banco do Brasil e Sicredi. O dirigente destaca que também estão sendo realizadas reuniões com a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). Velho adianta que na sexta-feira, dia 6, ambas as entidades terão uma agenda com o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, solicitando apoio do governo federal “ao momento extremamente preocupante que passa o setor arrozeiro”, finalizou Velho.
De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na sexta-feira, 30 de maio, 99,7% da área semeada no Estado foi colhida, o que corresponde a 967.485 hectares. Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, divulgados pela Federarroz, o país opera atualmente com um excedente estimado em 14,2 milhões de toneladas de arroz, frente a uma demanda anual de 12,2 milhões de toneladas. A projeção de estoques de passagem acima de 2 milhões de toneladas — patamar recorde — pressiona negativamente as cotações.
Correio do Povo