Ossadas e restos mortais de pessoas que haviam sido sepultadas no Cemitério Municipal de Alvorada, acondicionados dentro de sacos plásticos, inseridos em tonéis e encontrados pela população a céu aberto, acessível para quem visitava o local, causou revolta e indignação em muitas famílias que mantém jazigos e lembranças de entes queridos. Michelly Bernardes, que mora nas proximidades, diz que tal ação coordenada pela administração municipal é considerada um desrespeito e descaso com os parentes.
“São muitos corpos. No local há cerca de 50 tonéis, em cada um deles cabe de 8 a 10 mortos. Os tonéis estavam (até ontem) dispostos em área pública, de acesso comum aos visitantes. Não há nenhuma identificação. Estes latões deveriam ter sido armazenados em algum depósito para depois serem encaminhados para incineração e as cinzas entregues aos familiares. E não simplesmente deixados ao sol.”
Michelly comenta que além de nada higiênico, em razão do mal cheiro e das questões de saúde pública e de uma possível contaminação, a ossada pode ser furtada e retirada do local para outros fins. “Se as sepulturas foram abertas por inadimplência, por conta de que as famílias não conseguem mais pagar uma mensalidade para manter os corpos no local, é outro destino que a prefeitura deveria dar, com acesso restrito somente para funcionários. E não este descaso.”
A prefeitura se manifestou informando que as ossadas estão em processo de descarte adequado e que recém haviam sido removidas do ossário do cemitério para a coleta e o processo de transporte por empresa especializada, responsável pelo descarte correto, conforme legislação. Informou ainda que o procedimento segue rigorosamente a legislação vigente garantindo que, ao fim do prazo legal de concessão dos jazigos e após a devida notificação às famílias, as ossadas sejam removidas do ossário e encaminhadas para descarte adequado, conforme as normas sanitárias e ambientais.
De acordo com a administração, toda a lista de ossadas é previamente identificada e publicizada digitalmente, respeitando o direito dos familiares de reaverem os restos mortais antes do destino final. Com relação ao fato de terem manipulado de forma indevida os restos mortais, a administração aponta que, em tese, isso configura crime de vilipêndio e pode também configurar crime de violação de cadáver. A prefeitura se manifestou no sentido de que não tolera ações criminosas motivadas por interesses políticos, que buscam deturpar um procedimento legal e necessário.