Os ipês e buganvílias floridos já deram o recado: a primavera de 2024 está para começar. Conhecida por seus temporais, a estação terá, neste ano, chuva abaixo da média no Rio Grande do Sul. Em outubro, ainda é esperada influência da fumaça das queimadas registradas no Centro-Oeste e no Norte.
Conforme Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é aguardada chuva um pouco mais volumosa entre o final de setembro e o início de outubro. Depois disso, a instabilidade entrará em condições de normalidade.
— Até podemos ter períodos mais chuvosos, mas alternados com períodos de tempo mais firme. Deveremos ter um outubro em situação mais dentro do normal e um novembro mais seco. Dezembro, que já é um mês com menos ocorrência de chuva, também será seco — descreve Lopes.
Diferentemente da primavera de 2023, que ocorreu sob efeito do fenômeno El Niño e, por esse motivo, teve mais registros de tempestade, o volume de chuva, desta vez, será menos significativo, segundo Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.
— É claro que se tem uma preocupação quando se pensa em setembro do ano passado, por tudo o que aconteceu, quando havia um acoplamento de El Niño e outros fatores que causaram aquela chuva mais extrema, mas não é o caso deste ano. Estamos vendo uma condição de primavera com tempo mais seco, justamente porque temos a atuação do fenômeno La Niña, embora a tendência seja de que ele comece em outubro, pelas projeções dos principais centros europeus — relata.
Com características de manter, no Sul do Brasil, o tempo com menos chuva e temperaturas mais baixas, o La Niña deve chegar com pouca força ao RS. Por isso, ainda que o fenômeno deixe o clima mais seco, seguirá havendo instabilidade ao longo da estação.
— Ainda teremos frentes frias passando pelo Rio Grande do Sul, além de instabilidade vinda da Argentina, o que é bem característico desta época do ano — observa Borges.
De acordo com Lopes, a região Norte gaúcha é a com mais registros de chuva, historicamente. Entretanto, nesta primavera, o que se vê é uma frente fria estacionária especialmente no Centro do Estado.
— A tendência, neste primeiro momento, é que essa frente fria fique mais próxima à região de fronteira com o Uruguai. Ao longo de outubro, essa chuva deve migrar mais para o Norte. Depois, de outubro para novembro, teremos um secamento maior no Oeste — analisa o meteorologista da UFSM.
Com relação à temperatura, a primavera não prevê nada fora do que já é esperado: variações que, gradualmente, levarão a marcas mais altas. O único destaque fica para a região das Missões, que deverá registrar valores cerca de um grau e meio acima da média para esses meses, segundo a Climatempo.
— Este final de semana foi um exemplo clássico de primavera: tivemos um amanhecer um pouco mais frio e, à tarde, uma temperatura agradável. Neste ano, a tendência é de algumas variações térmicas mais acentuadas neste primeiro momento, sendo uma estação levemente acima da média, sem períodos muito quentes prolongados — pontua Lopes, salientando, ainda, que o aquecimento deve acontecer mais no verão.
Em nível nacional, com previsão de chuva mais frequente e generalizada para outubro em Estados como Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que têm sofrido com grandes incêndios, a perspectiva é de que as queimadas cessem, em especial, na segunda metade de outubro. Com isso, o RS deverá ter fumaça em sua atmosfera até esse período.
*GZH