Neste 2 de abril, quando se celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a história do delegado de polícia Aderlan Angelo Camargo se destaca como exemplo de superação, persistência e propósito.
Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 — considerado funcional — apenas na vida adulta, Aderlan transforma hoje sua experiência pessoal em ferramenta de conscientização. Mais do que exercer sua profissão com dedicação, ele tem se empenhado em desmistificar ideias equivocadas que ainda cercam o autismo, especialmente em relação à vida profissional e social de quem vive dentro do espectro.
A trajetória de Aderlan foi marcada por inúmeros obstáculos. Na infância e adolescência, enfrentou grandes dificuldades escolares: aos 14 anos ainda estava na quinta série, após várias reprovações. Com um desempenho considerado abaixo da média, acabou sendo matriculado pela mãe em um curso supletivo — um episódio que ele recorda com emoção, especialmente pela vergonha que sentiu ao ver a mãe pedindo pedindo aos professores que ele não fosse reprovado novamente.Além das dificuldades acadêmicas, enfrentava problemas de dicção, falando muito baixo, e uma timidez que o isolava do convívio social. Tentou outras possibilidades profissionais, como um curso técnico de cozinheiro, mas, mesmo sendo aplicado, viu suas inseguranças falarem mais alto: perdeu a chance de representar sua turma em uma competição gastronômica.
Após uma experiência frustrante como ajudante de cozinha em uma plataforma de petróleo, voltou para Curitiba sem direção. Foi nesse momento que encontrou na leitura um verdadeiro refúgio — e um novo caminho.Trabalhando como office boy em um escritório de advocacia, foi incentivado por um advogado a tentar a carreira jurídica. Com uma base escolar frágil e sem sucesso nos vestibulares em Curitiba, sem direção. Foi nesse momento que encontrou na leitura um verdadeiro refúgio — e um novo caminho.Trabalhando como office boy em um escritório de advocacia, foi incentivado por um advogado a tentar a carreira jurídica. Com uma base escolar frágil e sem sucesso nos vestibulares em Curitiba, seguiu tentando. Persistente, prestou vestibular em Presidente Prudente e, aos poucos, reconstruiu sua trajetória acadêmica. Foi aprovado na OAB e, anos depois, alcançou a 30ª colocação em um concurso para Delegado de Polícia — concorrendo com mais de 10 mil candidatos.Hoje, Aderlan compartilha sua jornada em palestras que oferecem uma visão real e humana do autismo. Com base em sua vivência, ele busca mostrar que o diagnóstico não é um fim, mas o começo de uma nova forma de entender o mundo e a si mesmo.
Jornal Razão