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Carrefour anuncia boicote à carne do Mercosul

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Foto: ARNAUD FINISTRE / AFP
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Odonto

Em solidariedade a agricultores franceses, que protestam diante da possibilidade de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou, ontem, que a rede se compromete a não vender carnes do bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Bompard afirmou ainda esperar que a decisão influencie outras empresas francesas a fazer o mesmo.

A resolução foi tema de comunicado divulgado nas redes sociais de Bompard. De acordo com a Agência Estado, o empresário garantiu que a comercialização será interrompida independentemente dos “preços e quantidades de carne” que os países possam oferecer.

A carta de Bompard é endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas. O CEO afirmou que a decisão foi tomada após ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses.

Ineficiência dos produtores

O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, reagiu com ironia à medida anunciada pelo administrador francês, principalmente se for adotada pelo Grupo Carrefour Brasil. “Será que eles vão trazer carne da Europa?”, questionou o dirigente. À Agência Estado, o Grupo informou que “nada muda nas operações no país”.

Gedeão destacou que o mercado europeu “cada vez compra menos e cada vez exige mais” e que as queixas dos produtores franceses crescem à medida que se aproxima a eventual assinatura do acordo. “Isso vem se intensificando”, disse o presidente da Farsul.

Para Bompard, o provável acordo entre a União Europeia e o Mercosul oferece o “risco de a produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês”. Para Gedão o “panorama de fundo” do impasse é “a ineficiência dos produtores europeus” diante da concorrência dos agropecuaristas sul-americanos.

Os produtores franceses pedem que o presidente Emmanuel Macron anuncie o veto do país se o acordo for aprovado. O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, disse que o país não deve aceitar o projeto se o texto se mantiver com a redação atual.

Correio do Povo

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